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A União deve 4 bi à CELG? Verdade ou fantasia?

A afirmação de que o Governo Federal deve 4 bilhões de reais para a CELG não está sustentada em condições efetivamente confirmadas, muito pelo contrário, alguns ítens desta suposta dívida já foram pagos.

Ao citar a matéria do Diário da Manhã de hoje (União deve R$ 4 bilhões à CELG), uma bem informada fonte avaliou que “isto não tem lógica”. E me listou fatos que contestam esta notícia e considero que são muito plausíveis. O governo do Estado de Goiás não tem instrumentos para levantar este valor, diferentemente do que foi divulgado na matéria, inclusive para sustentar que o empréstimo de R$ 3,7 bilhões seria desnecessário.

TOCANTINS

A matéria diz, com informações do deputado federal Leonardo Vilela (PSDB), que no acerto de ativos com a criação do Estado do Tocantins relativos ao que a CELG que”de acordo com cálculos de 1991, estes ativos valem R$ 378,8 milhões. O prejuízo, no entanto, é muito maior, porque a perda desta estrutura resultou em grande impacto no capital de giro desta companhia. Estima-se que, hoje, a transferência de ativos para o Tocantins custaria quase R$ 1,5 bilhão ao governo federal”.

FATO: Em 1999, o governo do Estado de Goiás, administrado à época por Marconi Perillo, recebeu R$ 320 milhões de reais. Ocorre que R$ 140 milhões deste recebimento naquele ano “não foi repassado para a CELG”. Atualizado, este valor estaria hoje em R$ 730 milhões, que compõe o acerto que será feito neste empréstimo do Governo do Estado e que quitado agora.

O valor que o Estado de Goiás não repassou para a CELG não sofreu correção entre 99 e 2002, por 3 anos.

CODEMIN

Diz a matéria que a CELG teria a receber R$ 1,248 bilhões referentes aos créditos da CODEMIN que passou a fazer parte da área da empresa goiana, em redistribuição com Furnas. A empresa tinha subsídios que a União suspendeu em março de 1993. De 93 a 2003 a CELG bancou este incentivo.

FATO: A ação judicial está na primeira instância, na 7ª Vara da Justiça Federal. A Advocacia Geral da União contesta, portanto, é plausível prever que a discussão jurídica vai para instâncias superiores e vai durar muito tempo, no mínimo 10 anos, numa visão otimista.

CONCLUSÃO: não é possível contar com um valor que está sob discussão jurídica. “Não se contabiliza o que não está transitado em julgado”, me declarou esta fonte. E isso está correto.

CRC

Na mesma matéria, é informado que a Conta de Resultados a Compensar, que é uma “remuneração mínima estabelecida por lei que obriga o governo federal a indenizar concessionárias que invistam na formação de ativos operacionais – como, por exemplo, redes de transmissão. A lei determina remuneração mínima de 10% sobre o valor investido. De acordo com os técnicos da Celg, o Estado tem a receber cerca de R$ 700 milhões em CRC”.

FATO: A fonte me revela que contar com a CRC no valor citado é “sonhar acordado”. Leis que tratam do assunto já foram vetadas por 2 vezes. A primeira pelo presidente peessedebista Fernando Henrique Cardoso. Outra, por Luís Inácio Lula da Silva. O assunto está na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, relatada pelo deputado João Dado.

CONCLUSÃO: qual a possibilidade de que uma Lei tramite rapidamente e não seja vetada novamente? Não dá para contar com o valor e ele é passível de discussão jurídica, se for aprovado.

RENDA MINIMA

O que o deputado federal Leonardo Vilela alega, na entrevista ao Diário da Manhã, do que a CELG tem a receber relativo ao subsídio aos consumidores de baixa renda e ao Luz para Todos só poderá ser repassado se a empresa deixar de ser “inadimplente”, portanto se acertar suas contas com a Eletrobrás e o Gov. Federal. O assunto já foi revelado e tratado na Rádio 730, nesta semana.

ÚLTIMA REVELAÇÃO

A Aneel já entrou com processo contra a CELG por que o contrato de concessão “caducou”, ou seja, não foi renovado por causa da situação da empresa. O fato aconteceu no mês de abril, portanto, é verdadeira a argumentação do governador Alcides Rodrigues de que a concessão pode ser cassada. O processo já foi aberto e está tramitando.

Fonte: Blog do Altair Tavares

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“Quem são os que tanto odeiam Lula e por que o odeiam tanto? Numa análise superficial não se consegue encontrar razões lógicas para tanto ódio. Afinal, seu governo está longe de estar sendo uma ameaça grave às elites. Ele conseguiu, nesses seus três anos e meio de mandato, distribuir renda sem tirar absolutamente nada da classe dominante ou, no mínimo, não tirar nada dela que lhe tenha feito sequer cócegas nos privilégios.

O empresariado, sobretudo o grande empresariado, está ganhando como nunca. Os bancos não têm do que se queixar. O capital transnacional muito menos. E a mídia perdeu muito mais sob FHC do que sob Lula. Os meios de comunicação se endividaram como nunca acreditando no populismo cambial fernandino e chegaram à difícil situação em que se encontram por terem contraído dívidas enormes em dólar e depois as viram explodir com a maxidesvalorização de 1999. Então por que a mídia – principalmente a mídia – odeia tanto o atual presidente e ama tanto seu antecessor?

Os que odeiam Lula, convenhamos, não estão só entre a classe social e étnica dominante. Os odiadores fanáticos do presidente estão em todas as classes sociais, em todas as etnias, em todas as partes do país, em todas as ideologias e onde mais se puder destacar um segmento da sociedade brasileira. Então não se pode atribuir elitismo aos que o odeiam como poucos políticos já foram odiados.

Claro que há o medo das elites de que Lula venha a levar o Brasil mais para a esquerda por conta de suas boas relações com líderes como Fidel Castro e Hugo Chávez, mas esse é um motivo secundário . As políticas públicas voltadas para lumpezinato, como por exemplo as cotas nas universidades, também podem despertar o egoísmo hidrófobo da elite e mais ódio ao presidente, mas são políticas que o maior país capitalista da Terra também adotou, portanto não explicam o que aqui se discute.

Para entendermos o ódio a Lula, primeiro é preciso reconhecer que foi ele quem o construiu. Todos os que, em todos os segmentos da sociedade, jamais puderam admitir que alguém que consideravam ou abaixo deles ou igual a eles pudesse chegar onde chegou, sentem-se esbofeteados por sua ascensão. O ódio ao presidente transcende a razão e se esconde sob desculpas como “ética” – como se um FHC, de quem os odiadores de Lula gostam tanto, fosse algum exemplo de político ético – ou de ser “ignorante” e “despreparado”. Mas a verdade é que os odiadores de Lula não conseguem aceitar ser governados por alguém que até hoje não consegue falar bom português e que veio do degrau mais baixo da pirâmide social brasileira.

Quando Lula morrer, quando as gerações futuras estudarem um dos maiores líderes políticos da história deste país, quando ele puder ser olhado pela lente da verdade, sem paixões, sem ódios ou rancores, descobrirão que sua ascensão na vida arrombou uma porta que tanto os mais pobres quanto os mais ricos sempre mantiveram trancada no Brasil. Por isso Lula é tão odiado e tão amado.”

Escrito por Eduardo Guimarães às 23h04 – 02/09/2006

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Porto Alegre, 02 de abril de 2010

Ao

Excelentíssimo Senhor

Presidente da República

Luiz Inácio Lula da Silva

Prezado presidente,

A Sociedade Brasileira de Cardiologia vem externar sua decepção pelas palavras divulgadas pela imprensa e atribuidas a V. Excia. durante a solenidade de entrega de ambulâncias em Tatuí, quando teria criticado a classe médica em geral. A SBC também se solidariza com o presidente da Associação Médica Brasileira que, em nome de 350 mil médicos brasileiros, fez um desagravo aos profissionais atingidos em sua dignidade e honradez pelas referidas declarações, tão estranhas, que temos dúvida se a imprensa reproduziu fielmente suas palavras.

Em nome dos 12 mil cardiologistas brasileiros, grande parte dos quais exercendo a profissão em cidades pequenas, mesmo em povoados às margens dos rios amazônicos, distantes dos grandes centros, com poucos e antiquados equipamentos e, mesmo assim, salvando vidas, a SBC vem lembrar que o esforço de seus associados está levando o País em anos recentes a reduzir o número de mortes por causas cardiovasculares que, até há pouco, roubavam 315 mil vidas de brasileiros a cada ano.

Esses cardiologistas que trabalham em todos os rincões brasileiros, senhor presidente, é que garantem o eficiente e rápido tratamento de uma crise de hipertensão, como a que afetou o presidente da República no Nordeste brasileiro e são eles que, em campanhas como a que se desenvolve neste momento, difundem informação sobre fatores de risco como a hipertensão, o tabagismo, a obesidade, para que no futuro os brasileiros não passem por crises semelhantes à que atingiu V. Excia.

São esses médicos que, recebendo pouco do SUS, muitas vezes não tem recursos para acompanhar os congressos internacionais onde são apresentados os avanços da Medicina. Esse é o motivo que os leva a se valerem da Internet para a “Educação Continuada” oferecida por essa Sociedade, para que no Brasil inteiro os pacientes sejam atendidos por uma Cardiologia de ponta, por médicos tão capacitados como os dos países desenvolvidos.

E é por causa do intenso esforço, dos seis anos de estudo, somados aos de residência médica, aos quais se acrescenta toda uma vida de atualização, frequentemente de pesquisa, que os cardiologistas exigem que médicos formados em cursos como os de Cuba passem por exames que demonstrem serem tão capazes como os profissionais formados no território brasileiro. Não estamos defendendo nossa categoria com essa exigência, presidente, mas sim buscando a garantia de que os pacientes brasileiros sejam atendidos por profissionais efetivamente capacitados.

Pedimos vênia para lembrar mais que, se hoje milhares de cardiologistas trabalham em cidades onde não se conta com recursos de tomografia computorizada, de ressonância magnética, laboratórios nem salas cirúrgicas adequadas, senhor presidente, não é culpa dos médicos e nem da falta da CPMF, imposto que, tendo vigorado por vários anos, não foi empregado para sanar as mais evidentes lacunas da Saúde nas cidades pequenas, ao contrário do que desejava quem o propôs, justamente um cardiologista.

Os “médicos da avenida Paulista”, criticados por V. Excia., são os mesmos que, a cada dia, atendem milhares de pacientes pobres, vindos de cidades distantes em incontáveis ambulâncias das Prefeituras, que chegam a formar fila nas estradas, de madrugada, trazendo pacientes em busca da ajuda médica que a cidade grande oferece e com a qual não contam em suas cidades de origem, e não por culpa dos profissionais da Saúde.

Num País em desenvolvimento como o nosso, em que são limitados os recursos para a Saúde e escassas as verbas para comprar o aparelhamento mais moderno, é simplesmente natural que se formem umas poucas instituições de excelência, altamente equipadas, para onde migram os pacientes das regiões próximas.

Esse fenômeno é conhecido e foi vivido por V. Excia. quando, para seus exames e testes, que necessariamente tem que ser os mais completos possíveis, pela importância de sua pessoa, os médicos que o atendem fazem com que o presidente da República deixe Brasília e frequente dois hospitais, o Incor e o Sírio Libanês, situados, justamente, no entorno da avenida Paulista, citada jocosamente por V. Excia como o local “onde é fácil ser médico”.

Garantimos, ao contrário, que jamais foi fácil ser médico no nosso País, onde a Medicina continua tendo conotação de sacerdócio, principalmente para o crescente número de profissionais que depende, para sua sobrevivência, dos seguro-saúde. Ainda agora as Sociedades médicas lutam e sózinhas, para conseguir que essas empresas que ganham importância diante da falha da Saúde Pública, sejam levadas a pagar uma contrapartida pelo menos digna a quem dedicou sua vida ao exercício da Medicina.

Atenciosamente,

Jorge Ilha Guimarães

Presidente da SBC

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A LINGUAGEM DO PRECONCEITO

Virou moda dizer que “Lula não entende das coisas”. Ou “confundiu isso com
aquilo”. É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas
ilustres e escritores consagrados

Por: Bernardo Kucinski

O sociólogo José Pastore diz que Lula confunde “choque de gestão” com contratação. É que para os conservadores “choque de gestão” é sinônimo de demissão (Foto: Elza Fiúza/ABr)

Um dia encontrei Lula, ainda no Instituto Cidadania, em São Paulo, empolgado com um livro de Câmara Cascudo sobre os hábitos alimentares dos nordestinos.
Lula saboreava cada prato mencionado, cada fruta, cada ingrediente.
Lembrei-me desse episódio ao ler a coluna recente do João Ubaldo Ribeiro,
“De caju em caju”, em que ele goza o presidente por falar do caju, “sem
conhecer bem o caju”. Dias antes, Lula havia feito um elogio apaixonado ao
caju, no lançamento do Projeto Caju, que procura valorizar o uso da fruta na
dieta do brasileiro.

“É uma pena que o presidente Lula não seja nordestino, portanto não conheça bem a farta presença sociocultural do caju naquela remota região do
país…”, escreveu João Ubaldo. Alegou que Lula não era nordestino porque
tinha vindo ainda pequeno para São Paulo. E em seguida esparramou citações sobre o caju, para mostrar sua própria erudição. Estou falando de João Ubaldo porque, além de escritor notável, ele já foi um grande jornalista.

Outro jornalista ilustre, o querido Mino Carta, escreveu que Lula “confunde”
parlamentarismo com presidencialismo. “Seria bom”, disse Mino, “que alguém se dispusesse a explicar ao nosso presidente que no parlamentarismo o partido vencedor das eleições assume a chefia do governo por meio de seu
líder…” Essa do Mino me fez lembrar outra ocasião, no Instituto Cidadania,
em que Lula defendeu o parlamentarismo.

Parlamentarista convicto, Lula diz que partidos são os instrumentos
principais de ação política numa democracia. Pelo mesmo motivo Lula é a
favor da lista partidária única e da tese de que o mandato pertence ao
partido. Em outubro de 2001, o Instituto Cidadania iniciou uma série de
seminários para o Projeto Reforma Política, aos quais Lula fazia questão de
assistir do começo ao fim. Desses seminários resultou um livro de 18
ensaios, Reforma Política e Cidadania, organizado por Maria Victória
Benevides e Fábio Kerche, prefaciado por Lula e editado pela Fundação Perseu Abramo.

Clichês e malandragem

Se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à
linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que “Lula não sabe nada disso, nada daquilo”. Acabou virando o que em teoria do jornalismo chamamos de “clichê”. É muito mais fácil escrever usando um clichê porque ele sintetiza idéias com as quais o leitor já está familiarizado, de tanto que foi repetido. O clichê estabelece de imediato uma identidade entre o que o jornalista quer dizer e o desejo do leitor de compreender. Por isso, o clichê do preconceito “Lula não entende” realimenta o próprio preconceito.

Alguns jornalistas sabem que Lula não é nem um pouco ignorante, mas propagam essa tese por malandragem política. Nesse caso, pode-se dizer que é uma postura contrária à ética jornalística, mas não que seja preconceituosa.
Aproveitam qualquer exclamação ou uso de linguagem figurada de Lula para
dizer que ele é ignorante. “Por que Lula não se informa antes de falar?”,
escreveu Ricardo Noblat em seu blog, quando Lula disse que o caso da menina presa junto com homens no Pará “parecia coisa de ficção”. Quando Lula disse, até com originalidade, que ainda faltava à política externa brasileira achar “o ponto G”, William Waack escreveu: “Ficou claro que o presidente brasileiro não sabe o que é o ponto G”.

Outra expressão preconceituosa que pegou é “Lula confunde”. A tal ponto que jornalistas passam a usar essa expressão para fazer seus próprios jogos de palavras. “Lula confunde agitação com trabalho”, escreveu Lucia Hippolito.
Empregam o “confunde” para desqualificar uma posição programática do
presidente com a qual não concordam. “O presidente confunde choque de gestão com aumento de contratações”, diz o consultor José Pastore, fonte habitual da imprensa conservadora.

Confunde coisa alguma. Os neoliberais querem reduzir o tamanho do Estado, o presidente quer aumentar. Quer contratar mais médicos, professores, biólogos para o Ibama. É uma divergência programática. Carlos Alberto Sardenberg diz que Lula “confundiu” a Vale com uma estatal. “Trata-a como se fosse a Petrobras, empresa que segundo o presidente não pode pensar só em lucro, mas em, digamos, ajudar o Brasil.” Esse caso é curioso porque no parágrafo seguinte o próprio Sardenberg pode ser acusado de confundir as coisas, ao reclamar de a Petrobras contratar a construção de petroleiros no país,  apesar de custar mais. Aqui, também, Lula não fez confusão: o presidente acha que tanto a Vale quanto a Petrobras têm de atender interesses nacionais; Sardenberg acha que ambas devem pensar primeiro na remuneração dos acionistas.

Filosofia da ignorância
A linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que
adquiriu novas dimensões, entre elas a de que Lula teria até problemas de
aprendizagem ou de compreensão da realidade. Ora, justamente por ter tido
pouca educação formal, Lula só chegou aonde chegou por captar rapidamente
novos conhecimentos, além de ter memória de elefante e intuição. Mas, na
linguagem do preconceito, “Lula já não consegue mais encadear frases com
alguma conseqüência lógica”, como escreveu Paulo Ghiraldelli, apresentado
como filósofo na página de comentários importantes do Estadão. Ou, como
escreveu Rolf Kunz, jornalista especializado em economia e também professor de filosofia: “Lula não se conforma com o fato de, mesmo sendo presidente, não entender o que ocorre à sua volta”.

Como nasceu a linguagem do preconceito? As investidas vêm de longe. Mas o
predomínio dessa linguagem na crônica política só se deu depois de Lula ter
sido eleito presidente, e a partir de falas de políticos do PSDB e dos que
hoje se autodenominam Democratas. “O presidente Lula não sabe o que é pacto federativo”, disse Serra, no ano passado. E continuam a falar: “O presidente Lula não sabe distinguir a ordem das prioridades”, escreveu Gilberto de Mello. “O presidente Lula em cinco anos não aprendeu lições básicas de gestão”, escreveu Everardo Maciel na Gazeta Mercantil.

A tese de que Lula “confunde” presidencialismo com parlamentarismo foi
enunciada primeiro por Rodrigo Maia, logo depois por César Maia, e só então
repetida pelos jornalistas. Um deles, Daniel Piza, dias depois dessas falas,
escreveu que “só mesmo Lula, que não sabe a diferença entre presidencialismo e parlamentarismo, pode achar que um governante ter a aprovação da maioria é o mesmo que ser uma democracia no seu sentido exato”.

Preconceito é juízo de valor que se faz sem conhecer os fatos. Em geral é
fruto de uma generalização ou de um senso comum rebaixado. O preconceito
contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo
operário é ignorante, e a supervalorização do saber erudito, em detrimento
de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da
experiência ou do exercício da liderança. Também não se aceita a
possibilidade de as pessoas transitarem por formas diferentes de saber.

A isso tudo se soma o outro preconceito, o de que Lula não trabalha. Todo
jornalista que cobre o Palácio do Planalto sabe que é mentira, que Lula
trabalha de 12 a 14 horas por dia, mas ele é descrito com freqüência por
jornalistas como uma pessoa indolente.

Não atino com o sentido dessa mentira, exceto se o objetivo é difamar uma
liderança operária, o que é, convenhamos, uma explicação pobre. Talvez as
elites, e com elas os jornalistas, não consigam aceitar que o presidente, ao
estudar um problema com seus ministros, esteja trabalhando, já que ele é ”
incapaz de entender” o tal problema. Ou achem que, ao representar o Estado
ou o país, esteja apenas passeando. Afinal, onde já se viu um operário, além
do mais ignorante, representar um país?

Fontes: João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo, 2/9/2007. Blog do Mino
Carta, 16/11/2007. Blog do William Waack, 2/12/2007. Texto de Lúcia Hipólito no UOL, 24/07/2007. José Pastore, artigo no Estadão, 11/12/2007. Carlos Alberto Sardenberg, “De bronca com o capital”, Estadão, 10/12/2007. Filósofo Paulo Ghiraldelli, Estadão, 29/8/2007. Rolf Kunz, “Lula, o viajante do palanque”, Estadão, 29/11/2007. José Serra, em Folha On Line, 1º/8/2006, em reportagem de Raimundo de Oliveira. Gilberto de Mello, escritor e membro do Instituto Brasileiro de Filosofia, no Estadão de 2/8/2007, reproduzido no site do PSDB. Everardo Maciel, na Gazeta Mercantil de 4/10/2007. Rodrigo Maia, em declaração à Rádio do Moreno, 6/11/2007, 17h20. César Maia em seu blog, 12/11/2007. E Daniel Pizza em texto do Estadão de 2/12/2007.

Bernardo Kucinski é professor titular do Departamento de Jornalismo e
Editoração da ECA/USP. Foi produtor e locutor no serviço brasileiro da BBC
de Londres e assistente de direção na televisão BBC. É autor de vários
livros sobre jornalismo

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Lendo o Blog do Luiz Nassif, deparei-me com esse texto que, achei muito interessante. Após consulta ao jornalista e sua autorização, disponibilizo-o para conhecimento dos amigos.

Boa leitura!

Leituras das pesquisas Datafolha

Por Alexandre Leite

Nassif,                                                                             

Um dado muito interessante dessa pesquisa Datafolha se refere ao cruzamento das pesquisas espontâneas e estimuladas à Escolaridade; virou lugar comum no Brasil associar o eleitor de Lula ao analfabetismo, à ignorância, à despolitização; Afinal de contas quem poderia eleger um ‘apedeuta’? Mas pelo menos a pesquisa preferida do senador Arthur Virgílio, desmente:

Espontânea

Candidato = Nível Superior | Fundamental

Dilma = 17 | 10

Serra = 13 | 6

Marina = 4 | 0

Lula = 3 | 10

Ciro = 3 | 1

Candidato do PT = 1 | 1

Candidato de Lula = 1 | 4

Aécio = 1 | 1

Resumindo, os eleitores de nível superior dão ao conglomerado petista, 22% das intenções de voto;

ao conglomerado serrista, 14%. Marina e Ciro, somados 7%.

Estimulada

Candidato = Nível Superior | Fundamental

Dilma = 33 | 26

Serra = 31 | 37

Marina = 14 | 7

Ciro = 9 | 10

Sem Ciro, temos

Dilma = 35 | 28

Serra = 33 | 41

Marina = 16 | 9

Repare o salto que se dá nos votos em Serra entre os de nível fundamental. Vai de 6% na espontânea para 37% ou 41% na estimulada.

Ou seja, Serra lidera no Datafolha em cima justamente sobre o que cientista político José Roberto de Toledo, no programa ‘Entre Aspas’, chamou de “parcela do eleitor ainda pouco informada/interessada e ligada a Lula até a medula”.

Se isso não é algo muito significativo, passo.

Clique para acessar o int_voto_pres_29032010_tb1.pdf

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/04/03/leituras-das-pesquisas-datafolha/#more-54229

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Publicação no blog de Paulo Henrique Amorim http://migre.me/8AQf

Saiu no Financial Times, em texto de Gideon Rachman:

The choice of Rio de Janeiro as the venue for the 2016 Olympics seems a confirmation of the mood of the moment – Brazil is on the way up; and the shine has come off Barack Obama, who turned up in person to lobby for Chicago only to see his home town eliminated early. It seems to be setback after setback for the US president at the moment – healthcare, Iran, the Afghanistan mess, unemployment up at nearly 10 per cent.

As for Brazil – never has the country been so fashionable. The Brazilians are hosting the World Cup in 2014 and now the Olympics, two years later. They provide the first letter of the much-touted group of emerging economic superpowers – the Brics. They are key members of the G20. In Lula, Brazil at last has a leader who is a recognised global figure. He gave the lead-off address at the UN General Assembly last month. (Just before Obama, symbolically enough.) And Brazil has also just discovered massive reserves of offshore oil. Oh lucky country!

“Com o noticiário dos Jogos Olímpicos, Copa do Mundo, pré-sal e participação nos BRICs, o Brasil nunca esteve tão na moda” (…) Finalmente o Brasil tem como líder uma figura reconhecida globalmente (…) Oh, país sortudo! ”

Saiu na Associated Press:

RIO DE JANEIRO (AP) — He is the Pele of politics, knighted the “most popular politician on Earth” by another contender for the title – Barack Obama. Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva draws praise from Havana to Wall Street for an economic boom that has brought millions out of poverty. He has attended socialist rallies with Venezuela’s Hugo Chavez less than two weeks after extending a fishing invitation to George W. Bush.

Now, after landing his continent’s first Olympic Games, the former labor leader with a grade-school education is seeing his star burn hotter than ever, leaving some to wonder about Brazil’s life after “Lula” – as he is known – when his term ends next year.

“Ele é o Pelé da política, o político mais popular da Terra, segundo Barack Obama. Lula é louvado de Havana a Wall Street e fez amigos de Ahmadinejad a Bush e Obama. Como será a vida do Brasil após Lula?”

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