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Archive for the ‘Poesia’ Category

Eu pensava em fazer uma grande manifestação às mulheres de todo o nosso planeta.

Falar da solidariedade para com suas lutas, falar de meu respeito permanente para com ela, falar da minha indignaçãoMulheres - 8 de março  1 para com as agreções permanentes que tem sofrido em muitos lares, locais de trabalho, na rua; do absurdo que é precisarmos de um “Dia Internacional” para que reflitamos sobre o massacre permanente que tem sofrido em muitas de nossas comunidade; de que sonho com o dia em que todos os dias sejam dias de homens e mulheres terem sua dignidade respeitada e valorização não avaliada pelo gênero mas por mérito. Mas resolvi nada dizer disso.

Resolvi falar pela voz de outra mulher. De uma grande mulher.

Cora Coralina

Cora Coralina

TODAS AS VIDAS

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo…

Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho,
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.

Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.

Vive dentro de mim
a mulher roceira.
– Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos.
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.

Fonte: Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, Global Editora, 1983 – S.Paulo, Brasil

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Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou,

sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil. (Leon Tolstoi)
A todas as mulheres que fazem do amor o grande instrumento de suas conquistas.
Todas as vidas

Cora Coralina

 

Cora Coralina

Vive dentro de mim

uma cabocla velha

de mau-olhado,

acocorada ao pé do borralho,

olhando pra o fogo.

Benze quebranto.

Bota feitiço…

Ogum. Orixá.

Macumba, terreiro.

Ogã, pai-de-santo…

Vive dentro de mim

a lavadeira do Rio Vermelho,

Seu cheiro gostoso d’água e sabão.

Rodilha de pano.

Trouxa de roupa,

pedra de anil.

Sua coroa verde de são-caetano.

Vive dentro de mim

a mulher cozinheira.

Pimenta e cebola.

Quitute bem feito.

Panela de barro.

Taipa de lenha.

Cozinha antiga toda pretinha.

Bem cacheada de picumã.

Pedra pontuda.

Cumbuco de coco.

Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim

a mulher do povo.

Bem proletária.

Bem linguaruda,

desabusada, sem preconceitos,

de casca-grossa,

de chinelinha, e filharada.

Vive dentro de mim

a mulher roceira.

– Enxerto da terra, meio casmurra.

Trabalhadeira.

Madrugadeira.

Analfabeta.

De pé no chão.

Bem parideira.

Bem criadeira.

Seus doze filhos.

Seus vinte netos.

Vive dentro de mim

a mulher da vida.

Minha irmãzinha…

tão desprezada, tão murmurada…

Fingindo alegre

seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:

Na minha vida – a vida mera das obscuras.

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Receita de ano novo

Feliz Ano Novo! 2011 - Ano Internacional das Florestas

Carlos Drummond de Andrade

 

Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido

(mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

novo

até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?)

 

Não precisa

fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido

pelas besteiras consumidas

nem parvamente acreditar

que por decreto de esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.

 

Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente

. É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.

 

Fonte: Um e-mail do meu filho, Eduardo Augusto

Meu filho, Eduardo Augusto

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Feliz Natal – Feliz agora e sempre!!!!

A Idade de Ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.

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Um importante trabalho da Sobrames-GO (Sociaedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Goiás), em parceria com a Contato Comunicações, leia-se Iuri Godinho, se reprete nesse anos de 2010 com data certa para sua realização.

Estou falando do FEST MÉDICO que realisar-se-á nos dia 7 e 8 de outubro de 2010. Més do médico!

O FEST MÉDICO que começou com atividades apenas literária e hoje tem seu alcance ampliado para outras áreas da arte. Canto, composição própria, dança de salão, música instrumental, poesia falada, prosa ( conto, crônica, esnaio, etc.), artes visuais ( fotografia, pintura, desenho, gravura e escultura).

O FEST MÉDICO, que alntes alcançava apenas os médicos e médicas do estado, agora atinge tambem o entorno da vida do médico. As incrições estão disponíveis tambem pa pais, filhos e conjuges.

Nesse ano, sob a batuta do companheiro

As Inscrições estarão abertas até o dia 17 de setembro de 2010.

Todos ao 8º FEST MÉDICO!

Sucesso aos promotores!

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Uma canção na vida por uma vida de canção

Eu fiquei pensando sobre o que fazer com a vida e o coração.

Muitos fizeram tantas coisas que pude viver no seu viver.

É…

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OPTAR – Aprendendo com os amigos


opção+difícil

Upload feito originalmente por eduardossantana

Optar

Recomenda-se evitar formas passivas sem preposição, como:

Foi optado operar o paciente.

Foi essa a conduta optada.

Foi optada a operação.

Optou-se fazer a operação.

Optar é usado com as preposições entre e por (P. Luft, Dic. prático de regência verbal, 1997; D. Cegalla, Dic. de dif…, 2007), e os verbos transitivos indiretos não são usados na forma passiva (L. Grion, Cem erros que os executivos cometem…, s.d.).

No entanto, na frase: Foi optado pelo uso do esquema terapêutico –, guarda-se o uso da preposição por, o que a torna admissível.

Se a forma passiva for a preferida, pode-se escolher outro verbo, como na frase: Foi escolhida (ou selecionada, preferida, feita opção por) esta conduta.

Assim, é também questionável dizer: “Optamos para fazermos a operação”.

A forma transitiva direta (optamos realizar, optei fazer) está fora de uso (Luft, ob. cit.). Adequadamente:

Optou-se por operar o paciente.

Optou-se pela operação.

Teremos que optar entre operá-lo ou não.

Optamos por fazer radiografia.

Optamos por realizar o estudo.

É oportuno acrescentar que a forma optar por é francesa: opter pour (V. Amaral, Dic de dific da l. port., 1938), pelo que há quem a condene como galicismo. Em lugar de “Optamos por fazer a operação”, pode-se mudar o verbo: Escolhemos fazer a operação.

A pronunciação do p é débil e não constitui sílaba, como se ouve nas formas criticáveis: “Eu opito”, “Ela opita”, “Opite pelo melhor”, “Eles opitam” (A. L. Sacconi, Dic de dif…, 2005). O acento é referente ao o em op.

Simônides Bacelar

Se as pessoas não conseguem encontrar tempo para fazer alguma atividade física, que achem tempo para ficar doentes (Keneth Cooper, Veja 2003;5:9).

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Vamos caminhando, qualificando nossas vidas e a dos que nos rodeiam.

Assim, um contingente importante de médicos goianos, resolveram não se sujeitar à restringir suas vidas a atividade médica exclusiva, compreendendo que, para que se propicie saúde a alguém é preciso ser sano. Sanidade que, necessariamente, tem a ver com qualidade de vida.

Porém, não perderam o jeito médico de ser. Não faria sentido o cuidar da própria vida se ele não estivesse ligado ao cuidar da vida do outro.

Tornaram-se escritores, músicos, escultores, etc.

Ampliaram o exercício da nobre arte do bem viver, compreendendo que o bem viver só o é se for coletivo.

Ao se juntarem nasce a SOBRAMES – Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, que tem ido muito além do que o título lhe propõe.

Nesse final de semana, em Goiás, ela dá mais um passo na sua caminhada. Elege sua nova diretoria que continuará a ser composta por homens e mulheres cujo exercício profissional se mistura com o de um artista que vê no outro a razão do seu existir.

Parabéns aos colegas que qualificam suas vidas qualificando as nossas.

Presidente: FAUSTO GOMES

Vice-Presidente: HEBERT VÊNCIO

Secretário: GUILHERME BARBOSA

Tesoureiro: LAÉRCIO NEY

Depto de Literatura: JOÃO BATISTA ALENCASTRO / DANIEL EMÍDIO / AFONSO RUFINO

Depto de Música: EVARISTO NARDELLI / MARIA VICTÓRIA CAPARELLI

Depto de Dança: KÁTIA BRENNER / ELIANE PORTILHO

Depto de Fotografia: ORLANDO MONTEFUSCO / WALKÍRIA TOKARSKI / MARGARETH BICALHO

Depto de Artes Plásticas: MARCO ANTÔNIO ACIOLLI

Depto de Comunicação: ARGEU CLÓVIS / WALDEMAR TASSARA / DANIELLA CRISTINA

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Cora Coralina

Upload feito originalmente por eduardossantana

Mulher da Vida

Cora Coralina

Mulher da Vida, minha Irmã.

De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e
carrega a carga pesada dos mais
torpes sinônimos,
apelidos e apodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à-toa.

Mulher da Vida, minha irmã.

Pisadas, espezinhadas, ameaçadas.
Desprotegidas e exploradas.
Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito.
Necessárias fisiologicamente.
Indestrutíveis.
Sobreviventes.
Possuídas e infamadas sempre por
aqueles que um dia as lançaram na vida.
Marcadas. Contaminadas,
Escorchadas. Discriminadas.

Nenhum direito lhes assiste.
Nenhum estatuto ou norma as protege.
Sobrevivem como erva cativa dos caminhos,
pisadas, maltratadas e renascidas.

Flor sombria, sementeira espinhal
gerada nos viveiros da miséria, da
pobreza e do abandono,
enraizada em todos os quadrantes da Terra.

Um dia, numa cidade longínqua, essa
mulher corria perseguida pelos homens que
a tinham maculado. Aflita, ouvindo o
tropel dos perseguidores e o sibilo das pedras,
ela encontrou-se com a Justiça.

A Justiça estendeu sua destra poderosa e
lançou o repto milenar:
“Aquele que estiver sem pecado
atire a primeira pedra”.

As pedras caíram
e os cobradores deram s costas.

O Justo falou então a palavra de eqüidade:
“Ninguém te condenou, mulher…
nem eu te condeno”.

A Justiça pesou a falta pelo peso
do sacrifício e este excedeu àquela.
Vilipendiada, esmagada.
Possuída e enxovalhada,
ela é a muralha que há milênios detém
as urgências brutais do homem para que
na sociedade possam coexistir a inocência,
a castidade e a virtude.

Na fragilidade de sua carne maculada
esbarra a exigência impiedosa do macho.

Sem cobertura de leis
e sem proteção legal,
ela atravessa a vida ultrajada
e imprescindível, pisoteada, explorada,
nem a sociedade a dispensa
nem lhe reconhece direitos
nem lhe dá proteção.
E quem já alcançou o ideal dessa mulher,
que um homem a tome pela mão,
a levante, e diga: minha companheira.

Mulher da Vida, minha irmã.

No fim dos tempos.
No dia da Grande Justiça
do Grande Juiz.
Serás remida e lavada
de toda condenação.

E o juiz da Grande Justiça
a vestirá de branco em
novo batismo de purificação.
Limpará as máculas de sua vida
humilhada e sacrificada
para que a Família Humana
possa subsistir sempre,
estrutura sólida e indestrurível
da sociedade,
de todos os povos,
de todos os tempos.

Mulher da Vida, minha irmã.

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