Creio que temos discutido o cooperativismo de maneira um pouco equivocada. Se não, vejamos: Internamente a estrutura do cooperativismo tem por referência ser constituído por pessoas que representam o mesmo seguimento econômico buscando fazer com que o produto de seu trabalho possa ser “entregue” a seus usuários ou consumidores sem intermediação de ninguém. Que suas decisões de organização, constituição, ações no mercado, quantidade, qualidade entre outras são definidas de dentro prá fora, através das assembleias gerais dos seus membros ou cooperados.
Externamente, as regras para sua atuação não dependem de sua existência muito menos da vontade de seus membros. Elas são definidas pela sociedade (legislação) e pelo mercado.
Sendo essas, de maneira resumida, as bases de atuação da cooperativa é preciso que nos coloquemos de maneira a compreender melhor nossas expectativas quanto ao sistema para que não nos frustremos e, equivocadamente, cobremos dele coisas que ele não pode entregar. Assim, quero levar a discussão para um desses pilares que é a atuação externa da cooperativa a partir de sua constituição.
O conceito de cooperado faz de seus membros os proprietários da empresa “cooperativa” que precisa, a todo custo (ético) disputar o espaço no mercado para que possa ser reconhecida como uma produtora diferente e ter seu produto preferido pelos usuários ou consumidores.O produto que produzimos é atenção à saúde e nosso diferencial é a qualidade de nossos produtores ou nosso trabalhadores ou nosso cooperados. Esse produto é o mesmo das OPSs que disputam, pelas regras legais com de maneira inferiorizada e de mercado de maneira igualitária com as cooperativas.
É preciso também compreendermos que a disputa das empresas cooperativas, do ponto de vista comercial, ela se faz em uma área geográfica apenas do tamanho da área de atuação da singular, que sua ampliação na área de cobertura só poderá ser possível se comprar serviços de outros sem ter como interferir na organização do outro e na sua qualidade.
Uma Empresa não seja uma cooperativa pode ter atuação econômica em todo o território nacional tendo oportunidade de fazer todos os jogos do mercado para garantir sua permanência no negócio como disputar mercados interessados por um custo maior às custas de usar outros com custos menor para quebrar ou inviabilizar a concorrência.
Assim é preciso que façamos uma discussão sobre nossa relação nas cooperativas de trabalho médico com as cooperativas. Nossa relação com as OPSs e o mercado de trabalho médico.
Quando damos sustentação de trabalho a uma cooperativa e a uma outra empresa de plano de saúde sabidamente proporcionamos que as ditas empresas se apresentem ao mercado onde participamos sem nenhuma vantagem sobre o produto que vendem ao consumidor a não ser o preço. Entregamos de bandeja para a concorrente da cooperativa a possibilidade de jogar o jogo do mercado com diminuição de custos local atendendo as necessidades do consumidor, usuário, cliente ou paciente com a mesma qualidade que a cooperativa pois somos nós os fornecedores do mesmo produto. Do ponto de vista empresarial nós, proprietários da empresa cooperativa que queremos que nossa empresa propicie um ganho que entendamos seja digno para todos nós, nos oferecemos para o concorrente para ajudá-lo a crescer no mesmo mercado em que temos nossa empresa. Disputamos o mercado local, e só o local, por nossa empresa com quem tem condição de disputá-lo sendo sustentado por outro mercado. Ao final do processo queremos que a cooperativa tenha os mesmos ou melhores resultados econômicos que o da empresa concorrente.
Do ponto de vista mercadológico significa o embate comercial esquizofrênico quando vou ao mercado para disputar comigo mesmo onde, de maneira inequívoca dou mais vantagem para mim como um empregado que para mim como proprietário.
Essa é parte do debate da UNI MILITÂNCIA.
Será que o problema é do comportamento da UNIMED para com os cooperados como se UNIMED não fosse cada um dos cooperados, fosse um ser ou uma entidade a parte ou é dos cooperados para com a UNIMED que passa a ser o grande sustentador da existência da concorrência?
É interessante quando ouço de colegas sobre as dificuldades negociais com as OPSs quando é argumentado por essas “a cooperativa de vocês pagam tanto quanto o que pagamos por isso por que temos que pagar melhor?”. É o mesmo que perguntar “por que devo te pagar bem se a concorrência real é de você com você mesmo e você se sujeita a isso?”
Assim, acredito que a questão do exercício de uni militância deveria ser óbvio, sem a necessidade de sua teorização ou de debates judiciais, como tenho presenciado.
Não posso aqui negar a necessidade de debatermos como oferecer esse modelo, se for esse o modelo, a todos os médicos brasileiros, dentro de uma sociedade capitalista como a nossa, de mercado enormemente predador e que possibilite a justa valorização do trabalho, com a disponibilidade que a sociedade precise e a qualidade que ela merece.
Sabidamente não existe a empresa de todos mas, pode existir o modelo empresarial para todos.
Quero aprofundar esse debate com todos.