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GO: Falhas no Hospital das Clínicas

por Saúde Business Web

14/07/2010

Instituição pode ter suspensão temporária do projeto de pesquisa de baixo custo para assistência a pacientes inférteis

O Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO), pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, detectou algumas irregularidades no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG).

Entre elas destacam-se: necessidade de aquisição de medicamentos pelos pacientes; orientação aos casais para contratarem clínicas privadas para congelamento dos embriões excedentes; falta de indicação do destino final dos embriões excedentes não utilizados e livre acesso de representantes comerciais da rede privada de assistência farmacêutica às dependências do HC-UFG e aos pesquisadores do projeto.

Com base nas irregularidades, o MP pretende anunciar uma suspensão temporária do projeto de pesquisa de baixo custo para assistência à pacientes inférteis do hospital.

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REPRODUÇÃO HUMANA
Número de laqueaduras tem redução

Nos últimos dez anos, planejamento familiar na região centro-oeste mudou

Vinícius Jorge Sassino
O planejamento da família mudou no Brasil, em especial na Região Centro-Oeste. Por décadas, até o ano de 1996, a região liderou em quantidade de mulheres que recorriam à laqueadura como principal método contraceptivo, uma realidade que ignorava a idade dessas jovens mães e as suas próprias vontades. Uma década depois, a proporção de mulheres laqueadas no Centro-Oeste brasileiro diminuiu 34% e o homem passou a assumir um papel protagonista na contracepção. Em Goiás, a quantidade de vasectomias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou 1 em 1999 para 765 em 2009.
Hoje, a Região Norte é a que mais concentra brasileiras que recorrem à laqueadura como método contraceptivo. A cirurgia é definitiva e recomendada como última opção para evitar a gravidez. As mudanças de comportamento da família brasileira são evidentes, inclusive com uma crescente procura de mulheres laqueadas pela cirurgia de reversão do procedimento, para que possam engravidar outra vez.
Somente o Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) atende anualmente entre 400 e 500 mulheres que desejam religar as trompas uterinas.
Levantamentos do Ministério da Saúde e dos planos privados de saúde e pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), apurados pelo POPULAR, mostram que caiu a proporção de mulheres que recorrem à laqueadura, enquanto aumentou o uso de métodos contraceptivos não definitivos, como o diafragma intra-uterino (DIU) e o diafragma. O homem passou a fazer parte do planejamento familiar, e a vasectomia deixou de ser mito. Essa realidade é mais evidente na Região Centro-Oeste, onde a queda da laqueadura e o aumento da vasectomia ocorrem de forma mais expressiva do que no restante do País.
Mudanças
No ano de 1988, Goiás era o Estado onde as mulheres mais recorriam à laqueadura. Sete entre cada dez mães que usavam algum método contraceptivo eram laqueadas. A realidade despertou atenção internacional e chegou a motivar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, para apurar o uso da cirurgia como barganha eleitoral. Em 1996, quando o IBGE realizou a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), a realidade permanecia praticamente a mesma. Em todo o Centro-Oeste, de cada dez mulheres em idade fértil, seis preferiam a laqueadura a outros métodos contraceptivos.
O IBGE voltou a fazer um levantamento dez anos depois, em 2006, cujos dados foram analisados pelo Cebrap. O relatório do estudo foi divulgado no ano passado e apontou uma redução da proporção de mulheres laqueadas no Centro-Oeste. São, agora, menos de quatro a cada grupo de dez mulheres férteis. “Houve uma queda importante das laqueaduras junto às mulheres mais jovens. A cirurgia passou a ser uma opção cada vez mais procurada pelas mulheres mais velhas”, disse ao POPULAR José Luiz Telles, diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.
Diante da explosão da esterilização feminina, principalmente nas décadas de 80 e 90, a legislação passou a permitir que somente mulheres com mais de 25 anos e com pelo menos dois filhos façam a laqueadura. Ainda assim, elas só devem se submeter ao procedimento cirúrgico 60 dias após a tomada da decisão. “Mas a gente sabe que muitos médicos fazem a cirurgia nos hospitais privados logo após o nascimento do segundo filho”, afirma o diretor do Ministério da Saúde.
Método é preferido de 25% das mulheres
Vinicius Jorge Sassine

As laqueaduras são, de fato, muito recorrentes no serviço privado de saúde. Um levantamento feito em 2008 pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos de saúde privados, mostra que 25% das mulheres em Goiânia preferem a laqueadura como método contraceptivo. É uma proporção maior do que a de mulheres que usam camisinha (22%), mas bem menor do que as que recorrem à pílula anticoncepcional (45%). As goianienses só não usam tanto a pílula quanto as mulheres de Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Cuiabá (MT) e Vitória (ES), conforme o levantamento da ANS.
Uma confirmação das mudanças de comportamento no planejamento familiar no Centro-Oeste brasileiro aparece na pesquisa da ANS realizada em Goiânia. Se antes as mães mais jovens recorriam à laqueadura como principal método contraceptivo, agora a primeira opção é por métodos menos agressivos. Somente 0,2% das mulheres que têm plano de saúde são laqueadas. A grande maioria usa pílula anticoncepcional ou camisinha. A laqueadura é o método mais usado por mulheres com mais de 35 anos.
A variação de métodos contraceptivos, com maior participação do homem no planejamento familiar, é notada inclusive em famílias de baixa renda, o que foi possível a partir da cobertura da cirurgia de vasectomia pelo SUS. Na Maternidade Nascer Cidadão, que atende famílias da Região Noroeste, a mais pobre de Goiânia, é crescente a quantidade de homens que se propõem à esterilização no lugar de suas mulheres. Para cada 50 laqueaduras realizadas mensalmente na maternidade, são feitas 20 vasectomias. Até há poucos anos, apenas 5 homens, em média, passavam pela procedimento.
“Os casais querem métodos definitivos, apesar de a gente oferecer todos os outros métodos gratuitamente. Nota-se claramente o aumento da vasectomia na preferência do casal, mas ainda não ganha da laqueadura”, afirma o diretor geral da Maternidade Nascer Cidadão, Sebastião Moreira. O SUS custeou apenas uma cirurgia de vasectomia em Goiás no ano de 1999. Em 2006, foram realizados mais de mil procedimentos, uma quantidade bem próxima do número de laqueaduras realizadas naquele ano. Nos últimos dez anos, já foram mais de 5,3 mil cirurgias pelo SUS, um terço da quantidade de esterilizações femininas. “Não temos filas para os dois procedimentos”, diz Sebastião Moreira.
Na Região Centro-Oeste, a proporção de mulheres que deixaram a contracepção por conta de seus parceiros, a partir da vasectomia, é superior ao uso do diafragma intra-uterino (DIU) e da injeção contraceptiva. O que preocupa a Saúde é o pequeno uso da camisinha. Apenas uma entre dez mulheres que adotam método contraceptivo usa a camisinha masculina com o parceiro.
Baixa renda adota a esterilização
Vinicius Jorge Sassine

A esterilização feminina, por meio da laqueadura, continuou sendo o método contraceptivo mais utilizado pelas mulheres de baixa renda e com baixo nível de escolaridade, mas, de maneira geral, aumentou o uso da pílula anticoncepcional, da camisinha e o número de vasectomias entre os homens, de 1996 a 2006. É o que conclui um relatório elaborado no ano passado pelo Ministério da Saúde e pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), com base em dados de 2006.
“A regulamentação da prática da esterilização nos serviços de saúde pública parece ter contribuído para mudar o perfil de uso de métodos”, conclui a pesquisa. A renda dos casais é fator decisivo para a escolha do método contraceptivo. Três entre cada dez mulheres de baixa renda optaram pela laqueadura. Dentre as mães de classe alta, são apenas duas.
O uso da camisinha aumentou tanto entre as mulheres pobres quanto entre as de alta renda, de 1996 a 2006. Mas ainda permanece tímido: apenas 13% recorrem aos preservativos. “Há uma presença excessivamente alta da laqueadura tubária entre as mulheres sem escolaridade”, conclui o estudo do Cebrap e do Ministério da Saúde, que identificou também um aumento das vasectomias “em todas as categorias socioeconômicas”. “Apesar do aumento do uso do preservativo masculino, a prevalência de seu uso ainda é baixa, não ultrapassando os 16% na classe econômica mais alta.”
Índice de reversão chega a 15%
Vinicius Jorge Sassine

De cada 100 mulheres que procuram atendimento no Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), 15 fizeram laqueaduras e, agora, querem de volta a possibilidade de ter filhos. Como as chances de êxito numa cirurgia de reversão da laqueadura são reduzidas (entre 40% e 60%), muitas precisam de técnicas de fertilização em laboratório, principalmente a fertilização in vitro (os chamados bebês de proveta).
“A cultura do brasileiro ainda é fazer a laqueadura”, afirma o diretor do Laboratório de Reprodução Humana, Mário Approbato. “Há 15 anos, isso era uma loucura. Hoje, com mais informação, caiu a quantidade de laqueaduras, mas muitas são feitas na rede particular”, ressalta Rodopiano Florencio, professor de Reprodução Humana da UFG e com atuação no laboratório do HC.
Rodopiano considera “temerária” a política de estímulo à laqueadura e à vasectomia desenvolvida pelo governo federal. Mas, para José Luiz Telles, diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, cabe ao casal a decisão pela melhor forma de planejar a família.
José Luiz cita como exemplo o fato de mais 60 mil brasileiras terem aderido, pelo SUS, ao DIU e ao diafragma como métodos contraceptivos. Eram 142,9 mil em 2003 e 202,6 mil em 2008. “Nas décadas passadas, havia uma política de esterilização em massa das mulheres, principalmente das mais pobres. Isso foi feito, muitas vezes, contra a vontade da mulher.”
Vasectomia é processo mais simples
Muitos homens vasectomizados decidem ter filhos novamente e fazem cirurgia de reversão
A vasectomia é um procedimento cirúrgico muito mais simples do que a laqueadura. Basta uma anestesia local, não é preciso ficar internado, o risco de complicações é baixo e as chances de êxito na contracepção são praticamente iguais. A “cultura machista” ainda existe, como constata o diretor de Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, José Luiz Telles, mas já não detém a preferência de muitos casais pela esterilização masculina.
Essa maior procura pelo método definitivo de contracepção vem provocando o mesmo fenômeno observado em mulheres laqueadas. Homens vasectomizados estão procurando ajuda médica para reverter a cirurgia. Seguindo as novas tendências de formação da família, composta por parceiros que já viveram outras relações, esses homens querem novamente ser pais.
O advogado Murilo Leão Ayres, de 38 anos, decidiu ser pai depois de ter feito a vasectomia. Ele tem dois filhos de outros relacionamentos e, há seis anos, está casado com a estudante Fabiana Caetano de Lima Ayres, de 28. “Veio a vontade de ter filhos”, conta Fabiana. A reversão da vasectomia foi feita há três anos.
Fabiana não conseguiu engravidar, por causa da baixa produção de espermatozóides decorrente da vasectomia. O casal recorreu, então, à técnica da inseminação. Na primeira tentativa, Fabiana engravidou. Murilo Filho nasceu há um ano e um mês. “A gente quer ter mais filhos”, diz.

Êxito depende do tempo da cirurgia
Vinicius Jorge Sassine

O êxito do procedimento de recanalização depende muito do tempo transcorrido entre a vasectomia e a cirurgia que reverte a esterilização, de acordo com o médico urologista Gilvan Neiva Fonseca, professor-chefe de Urologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG). “A recanalização é possível de ser feita até seis anos após a vasectomia, pois há uma diminuição da produção de espermatozóides.” Dentre os homens que procuram o Serviço de Urologia do Hospital das Clínicas (HC) para tratar de contracepção, 10% querem reverter a vasectomia.
“Com o tempo, o organismo produz anticorpos contra o espermatozóide. Por isso as chances de gravidez diminuem em recanalizações feitas após seis anos”, explica Gilvan Neiva. “A cirurgia precisa ser feita para a produção e coleta de espermatozóide, utilizado em técnicas de inseminação e fertilização in vitro.”
O médico veterinário Carlos Edvino Mundel, de 61 anos, fez a cirurgia de vasectomia em 1980. Ele já tinha três filhos, estava casado e fez a opção pela esterilização. Seis anos depois, num novo casamento, Carlos decidiu novamente ser pai. “Minha mulher da época queria ter filhos, queria ser mãe.” O veterinário passou pelo procedimento de recanalização e voltou a ser fértil. Teve mais dois filhos. “O médico chegou a sugerir uma nova vasectomia, mas eu não quis.” (15/02/10)

Publicação do Jornal O Popular em 15 de 02 de 2010

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